domingo, 1 de maio de 2011

As elétricas da RMV


Por Jonas Augusto Martins de Carvalho
Em 1928 a EFOM adquiriu suas primeiras locomotivas elétricas. Foram cinco locomotivas da Metropolitan-Vickers numeradas originalmente de 400 a 404. Essas locomotivas trabalhavam com 1.500 volts, possuíam rodagem B+B, 600 HP, quatro motores de 750 volts, 46 toneladas de peso aderente, freio regenerativo e capacidade de tração múltipla por comando eletropneumático. O sistema de freio dinâmico somente podia ser usado se houvesse se houvesse trens subindo no mesmo trecho de catenária onde outros estivessem descendo, pois a energia “devolvida” ao sistema pela locomotiva que estivesse com o freio dinâmico acionado deveria ser consumida por outra que estivesse subindo.
Metropolitan-Vickers



Foto oficial de fábrica da locomotiva nº400  da EFOM, futura nº 1100.
  Essas locomotivas eram capazes de tracionar trens com peso entre 177 e 200 toneladas. Na prática, constatou-se que era possível usar duas locomotivas elétricas em tração dupla para rebocar trens com até 300 toneladas no trecho mais difícil, entre a ponte do Rio Preto e Augusto Pestana, com 32 quilômetros de extensão e 680 metros de desnível, com rampas de até 3,2% e curvas com raio de 100m. Até então, as locomotivas a vapor podiam rebocar trens de no máximo 90 toneladas.
Duas dessas locomotivas elétricas tiveram sua relação de redução alterada para desenvolver maiores velocidades com o objetivo de serem utilizadas em trens de passageiros, tendo sua capacidade de carga consequentemente reduzida para no máximo 122 toneladas. Posteriormente, essas locomotivas foram renumeradas como 1100 a 1104.

Acervo ABPF/NEOM

Trem de gado tracionado por dupla de Metropolitan-Vickers subindo a Serra da Mantiqueira .


Em 1934, já na fase RMV - Rede Mineira de Viação, oito novas locomotivas elétricas foram adquiridas, dessa vez do fabricante alemão Siemens Schuckert Werke, numeradas originalmente de 500 a 507. Essas locomotivas também operavam em 1.500 volts, tinham sua parte mecânica fabricada pela Schwarzkopf, eram do tipo B+B, com potência de aproximadamente 800 HP em modo contínuo ou 964 HP unihorários e peso aderente de 48 toneladas. O baixo peso foi possível graças a montagem de diversos componentes através de soldagem elétrica, um processo inovador na época em que essas máquinas foram fabricadas. Essas locomotivas foram numeradas como 1200 a 1207.
Siemens Schuckert Werke
 
Foto oficial de fábrica da locomotiva nº502  da RMV, futura nº 1202.

D. Trevor Rowe
Locomotivas Siemens já no final da carreira. Barra Mansa, 1967.

Em 1952, adquiriu-se quatorze locomotivas da inglesa Metropolitan-Vickers, numeradas de 900 a 913 rodagem B+B, potência de 900 HP contínuos ou 1071 HP unihorários e 49,2 toneladas de peso aderente. Desta vez adotou-se corrente contínua de 3000 volts, sistema este utilizado na eletrificação do trecho de Belo Horizonte – Divinópolis e Ribeirão Vermelho – Mindurí, sistema este que tinha se tornado o padrão brasileiro para eletrificação ferroviária.
 Metropolitan-Vickers
Foto oficial de fábrica da locomotiva nº901 da RMV, 1952. 

A Rede Mineira de Viação portanto operava dois sistemas de eletrificação diferentes: o antigo, de Barra Mansa, RJ, a Mindurí, MG, em 1.500volts e o novo, de Mindurí, MG, a Ribeirão Vermelho, MG, e de Divinópolis a Belo Horizonte em 3.000volts, criando assim uma “quebra” de tração em Mindurí, local onde as locomotivas dos trens precisavam ser trocadas para seguir viagem.

 Metropolitan-Vickers





Locomotiva nº902 da RMV com trem de gado no pátio de Carlos Prates, em 1954.
 
Já obsoleto, após várias décadas de operação sem investimentos significativos em sua remodelação e sem aquisição de novas locomotivas elétricas, o sistema de eletrificação de 1.500 volts nas antigas linhas da E.F. Oeste de Minas começou a apresentar problemas na década de 1960. A sua manutenção começou a ficar complicada. Das treze locomotivas de 1.500volts, chegou-se a ter apenas de quatro em condições de uso. A situação ficou tão crítica que em 1965 quatro locomotivas Metropolitan-Vickers de 3000 volts foram adaptadas para trabalharem com corrente de 1500 volts, sendo então transferidas para aquele trecho.
 Metropolitan-Vickers
Locomotiva nº2003 da RVPSC tracionando trem de combustíveis em 1954.
 
Em 1967 foram recebidas dez locomotivas elétricas Metropolitan-Vickers usadas, idênticas ao modelo fornecido em 1953 à R.M.V., provenientes da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, que havia acabado de desativar sua eletrificação. Essas locomotivas foram renumeradas como 914 a 923.
 
Ivanir Barbosa

  A última locomotiva da série 900, a nº923 passando ao lado do “Casarão” em Belo Horizonte em julho de 1974.

Em 1968 todas as locomotivas elétricas de 1500 volts que haviam sido adquiridas foram desativadas, restando apenas as 4 Metropolitan que haviam sido convertidas para 1.500volts. O trecho então basicamente passou a ser operado por locomotivas diesel-elétricas.
 
Herbert Graf
Locomotivas Metropolitan-Vickers na estação de Belo Horizonte, MG, em 1979.

Somente em 1971 os equipamentos elétricos do antigo trecho em 1.500volts foram convertidos para operar sob corrente contínua de 3000 volts, unificando o sistema de eletrificação da antiga Rede Mineira de Viação, agora denominada VFCO - Viação Férrea Centro-Oeste. As Metroplitan foram então reconvertidas para 3.000volts e as demais passaram então a poder trafegar no trecho Barra Mansa-Mindurí. Todas as locomotivas elétricas de 1500 volts foram então sucateadas, não restando nenhum exemplar.
  Acervo ABPF/NEOM
 Locomotivas nº 902 manobrando em Belo Horizonte, MG, anos 1970.

Em 1982, já na fase RFFSA SR-2, as linhas eletrificadas da antiga Rede Mineira de Viação começaram a ser desativadas na região de Belo Horizonte, sendo que no final do mesmo ano, todo o sistema da eletrificação já havia sido desativado, sendo então a tração elétrica substituída pela tração diesel-elétrica. A rede aérea foi rapidamente desmontada, restando apenas os prédios abandonados de várias subestações, que ainda hoje existem. Seis locomotivas Metropolitan de 1952, os carros-motor A.C.F. e equipamentos elétricos de subestações foram transferidos para uso nas linhas da antiga Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro, nas proximidades de Salvador. Essas locomotivas transferidas para a Leste Brasileiro sobreviveram por pouco tempo, uma vez que a eletrificação foi desativada em 1987, sendo as locomotivas sucateadas por volta de 1988.
Cássio Paulo Fernandes
   Locomotivas Metropolitan-Vickers desativadas na rotunda de Ribeirão Vermelho, MG, em dezembro de 1983.

Eduardo Coelho
   Locomotivas Metropolitan-Vickers originárias da RMV na oficina de Periperi, Salvador, em 1988.

Das Metropolitan que permaneceram na SR-2, apenas duas sobreviveram: a nº 902, enviada para Curitiba, PR, e a nº 918, preservada na rotunda de São João del-Rei. Ironicamente as “sobreviventes foram trocadas, pois a nº 902 que era originária da RMV foi para Curitiba e a nº 918 que era originária da RVPSC ficou em Minas Gerais.
 
Ricardo Koracsony
 A nº 902 com pintura RFFSA/RVPSC abandonada em Paranaguá em 16/06/2001.
 
Jonas Augusto – ABPF/NEOM
 Locomotiva nº 918, originária da RVPSC na rotunda de São João del-Rei em 23/10/2009.

11 comentários:

  1. A VICKERS QUE ESTÁ EM CURITIBA VEIO COM O NUMERO 907 . VEREI SE LOCALIZO A FOTO .

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  2. Precisam arrumar o Site e trocar as letras com fonte na cor preta para cor branca, porque o fundo escuro atrapalha a leitura dos textos em preto.

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  3. PARABÉNS!!! Excelente Artigo e fotos! Zago.

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  4. Achei um video sem querer , e fui pesquisar caí aqui . Parabéns ótima matéria !
    sobre o video é este aqui :
    https://www.youtube.com/watch?v=KHEArJjLvfg
    Se pularem para 16:50 verão as locomotivas inglesas em funcionamento no Brasil . em especial a RMV 902 .

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  5. ten um video da metropolitan vicks porgue nao tem sienmes

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  6. GOSTARIADEVERLOCOMOTIVASIENMESTRASIONANDOTRENDEPASSAGEIRO

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  7. voltar trem de passageiros esse trem vickers N:901 colocar entre sete lagoas e divinopolis...precisando viajar local cidade de minas minas preciso abrir mao.saudade trem voltar novamente

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